Filmes de Março

Esse mês vi os dois últimos filmes que faltavam para eu completar todos os de Darren Aronofsky: O Lutador e Fonte da Vida. Aronofsky continua sem nenhum filme ruim e como um dos meus diretores favoritos. Vi também filmes bem originais como Corra, Lola, Corra, Mary e Max e O Homem que Copiava. E filmes simples e maravilhosos como Meu Amigo Totoro e Antes do Amanhecer. Minhas indicações ficam com Meu Amigo Totoro pela beleza, Mary e Max pela originalidade e assuntos muito bons, O Homem que Copiava por um ótimo filme nacional e Antes do Amanhecer (e a continuação) por uma obra simples e bela.

Lavoura Arcaica (2001)

Certamente um grande filme nacional. Uma atuação, como sempre, magnífica de Selton Mello e uma história muito bonita. Lavoura Arcaica foi adaptado de um livro, com o mesmo nome, de Raduan Nassar. Alguns criticam o filme por ser um livro filmado, mas na minha opinião a opção por um filme mais poético ficou belíssima. As atuações e a direção são ótimas e o resultado é um filme angustiante, que prende sua atenção. Classifico esse filme como uma poesia, e após vê-lo fiquei com vontade de ler o livro.

Meu Amigo Totoro – Tonari no Totoro (1988)

É um filme simples, muito bonito, visualmente incrível. É o primeiro filme que vejo de Hayao Miyazaki e fiquei encantado com a beleza da animação; o grande Totoro é um personagem espetacular. A história mostra uma bonita união da família diante do problema de ter a mãe no hospital e também solidariedade entre as pessoas. Totoro é o símbolo disso quando cria amizade com Mei e Satsuki. O filme possui uma pureza tão bela que acredito que me deixou encantado por sentir falta dela no mundo real.

Corra, Lola, Corra – Lola Rennt (1998)

É com certeza um filme bem original e bem criativo, muito interessante de se ver. Gostei, mas achei algumas coisas um pouco exageradas, digamos um exagero de originalidade. Mas é um filme recomendável por ser diferente e tratar de um assunto bem legal: as casualidades do dia-a-dia.

Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América – Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan (2006)

Bom, o filme é obviamente hilariante. Não é a melhor comédia que já vi, mas é muito boa. Porém em alguns momentos achei umas piadas um pouco exageradas, piadas sexualmente ofensivas não são as minhas preferidas, prefiro a cena do rodeio em que Borat ironicamente fala mal do governo dos EUA ou quando ele enfia Pamela Anderson em um saco nupcial, só pra citar algumas. Mas o filme fica melhor ainda quando, após vê-lo, você descobre que Borat é uma atuação brilhante de Sacha Baron Cohen e que apesar disso as pessoas com que ele interage, na maioria das vezes, não sabem disso. 

Fonte da Vida – The Fountain (2006)

Aronofsky tentou construir uma obra prima nesse filme. Escolheu um assunto muito bom, teve uma ideia ótima e arriscou um roteiro complicado. Na minha opinião foi exatamente ai que ele perdeu um pouco da força do filme, se ele tivesse simplificado um pouco mais talvez tivesse um êxito maior. A história principal, com ótimas atuações de Hugh Jackman e Rachel Weisz, é muito bonita, fala sobre a morte e a dificuldade de aceita-la. Na verdade o filme inteiro fala disso, mas a história principal é a que chama mais atenção. Então entram as duas outras histórias, uma no passado e outra no futuro, e ao pensar nisso eu realmente me empolgo com a ideia, mas a execução não correspondeu minha expectativa, simplesmente porque no final do filme, apesar de achar belíssimo, não entendi exatamente, foi um final com belas cenas mas muito confuso. Fico pensando se ele tivesse trabalhado mais com a história principal podia ter construído algo mais simples, natural e melhor. Mas de qualquer forma não deixa de ser um bom filme.

O Lutador – The Wrestler (2008)

Ao contrário de Fonte da Vida, O Lutador é um puro e verdadeiro relato da vida. O filme é tão simples e natural que parece um documentário, a atuação de Mickey Rourke é comovente, assim como sua história. O filme mostra as pessoas como elas são, com seus sonhos, dificuldades e problemas. O que faz o filme ser tão bom é o trabalho psicológico de cada personagem, mostrando sentimentos verdadeiros e problemas pessoais.

127 Horas – 127 Hours (2010)

A história de 127 Horas é incrível e emocionante e fazer um filme sobre ela com certeza não é uma tarefa fácil. Ver o filme foi uma experiência interessante, porém frustrante. Os efeitos estilísticos de Boyle foram desnecessários e ruins, estragaram um filme que poderia ter sido bem melhor. Com a ótima atuação de Franco era possível construir um filme extremamente emocionante e reflexivo, mas ao invés disso Boyle preferiu fazer cenas como a do Gatorade, que é simplesmente terrível.

Mary e Max – Uma Amizade Diferente - Mary and Max (2009)

Uma animação originalíssima tratando de temas muito bons. Adam Elliot conseguiu mostrar problemas como alcoolismo, solidão e suicídio de uma forma sutil e eficiente, além disso fala de amizade, poluição, amor e a vida como um todo com uma grande criatividade e uma bela animação. Um filme, bom, divertido e informativo.

De Olhos Bem Fechados –  Eyes Wide Shut (1999)

Tá que eu conheço o estilo de Kubrick, mas por essa eu não esperava. Achei até certa semelhança no sentimento pós-filme desse com Irreversível, mas a diferença é que no francês você se sente incomodado e tenta digerir o filme, já no filme de Kubrick você fica estarrecido e não consegue parar de pensar nele. Enfim, uma obra maravilhosa sobre traição, prostituição, superficialidade das relações e tudo o que envolve a vida amorosa contemporânea, com espaço ainda para ganância, drogas, AIDS e mais. Como sempre a trilha sonora é um destaque e as atuações de Nicole Kidman e Tom Cruise são espetaculares. A parte da festa secreta é um pouco exagerada, mas faz parte do estilo de Kubrick. Ótima última obra do diretor.

O Segredo dos Seus Olhos – El Secreto de sus ojos (2009)

Juan José Campanella constrói uma obra digna do prêmio de melhor filme estrangeiro. Difícil dizer o que é melhor nesse filme.  A história do filme é maravilhosa, com um roteiro muito bem escrito e um final ótimo. As atuações são muito comprometidas e verdadeiras. A direção é estupenda, e a cena do estádio é brilhante; muito, muito boa. Fiquei surpreso com o filme.

Os Infiltrados - The Departed (2006)

A história do filme é muito interessante: um policial infiltrado na máfia e um bandido infiltrado na polícia, e cada organização tentando achar um infiltrado. O elenco é espetacular e o filme foi muito bem conduzido por Scorsese, juntamente com a história obtemos uma obra de alta qualidade. Porém não é um dos melhores filmes que já vi e o final ficou devendo um pouco, bem na hora que esperava um desfecho perfeito. Dos filmes que vi do Scorsese ficou abaixo, mas também é difícil competir com Taxi Driver, Touro Indomável e Bons Companheiros.

Antes do Amanhecer – Before Sunrise (1995)

Maravilhoso. São simplesmente duas pessoas apaixonadas vivendo seu único dia juntos. Os dois personagens são bem carismáticos e formam um bonito casal. O roteiro ficou ótimo, fluiu muito bem, com ótimos diálogos e situações bonitas. A direção foi firme e os atores maravilhosos. Há algumas cenas que gostaria de destacar: primeiro, claro, a cena da cabine de musica que é espetacular; em segundo a cena em que eles, em um restaurante, fingem que falam ao telefone contando a experiência para seus respectivos amigos, genial. E por último a cena de despedida dos dois, no final do filme, que é emocionante. A continuação também é ótima, mas falarei dela apenas mês que vem porque vi só essa semana.

O Homem que Copiava (2003)

Muito bem bolado e dirigido por Jorge Furtado. O filme tem um estilo original muito bom e varias ótimas ideias. A história é muito legal e os atores estão bem. Infelizmente o finalzinho, de certa forma, estragou um pouco o filme, muito desnecessária toda aquela história da Silvia. Uma pena porque o filme vinha muito bem.