quinta-feira, 30 de junho de 2011

Elefante X 2:37

São dois filmes realmente muito parecidos. O primeiro que eu vi foi 2:37, por indicação de um amigo, depois descobri Elefante, pois muitas pessoas comentavam sobre as semelhanças, então vi Elefante. Falarei sobre minhas primeiras percepções e depois as conclusões que cheguei pensando melhor sobre os filmes.



Quando vi 2:37, sem saber da existência de Elefante, gostei bastante, achei a direção muito interessante, a ideia muito boa, e uma bela homenagem de Murali K. Thalluri, sem contar que um ótimo filme de estreia. Achei apenas que ao longo do filme a solidão de Kelly poderia ser mais aparente, nada que estragasse a surpresa final. E então vi varias pessoas comentando que o filme era muito parecido com Elefante, muitos xingando, outros não, enfim. Vi Elefante e minha primeira impressão não foi muito boa, achei o filme muito monótono, sem emoção, e no final as pessoas corriam pelos corredores fugindo, mas ninguém gritava, achei muito estranho. Percebi como 2:37 era parecido mas mesmo assim achei melhor.

Apesar dessa minha primeira impressão, sabia que tinha que pensar mais sobre esses dois filmes, por isso resolvi esperar um pouco e escrever um texto só para eles depois. E então passou praticamente um mês até hoje, conversei sobre os filmes, percebi mais coisas, revi algumas partes, e cheguei a novas conclusões.


Não consegui definir ainda se um é realmente melhor que o outro, os dois tem seus prós e contras. Elefante sai na frente pois 2:37 tem realmente muitas coisas parecidíssimas com ele (vejam os dois videos no final do post), como a direção, os temas tratados, como bullying e homossexualismo, entre outras, mas por outro lado 2:37 é bem mais movimentado, dinâmico, não só por acontecer mais coisas, mas também pelas entrevistas com os personagens, mas, mudando de lado de novo, 2:37 é mais movimentando porque acontecem coisas muito mirabolantes, exageradas, e nesse ponto Elefante é melhor pois é mais real, mais natural.

Falando sobre um filme de cada vez:

Elefante tem o mérito de ser original, de ser natural, num estilo documental. Ruim que o filme é muito parado, mas é seu estilo, apenas documentar o que acontece em um dia normal numa escola, sem nada mirabolante para movimentar o filme. Assim algumas emoções que antes julguei não existirem ficam mais aparentes. A cena dos dois amigos em casa tocando piano e no computador e a do beijo gay no banho, são dois exemplos belíssimos da pureza e naturalidade desse filme, assim como toda parte do massacre, apesar de continuar achando estranho a falta de gritos nos corredores. O filme não deixa nenhuma mensagem específica, apenas mostra os acontecimentos, e nós tiramos nossas próprias conclusões.

2:37 foi um filme mais dinâmico, intrigante, até pela surpresa final. A escolha de colocar entrevistas com os personagens foi muito boa, o que movimentou mais ainda o filme, e a mensagem que o filme passa é também muito interessante. Ruim que todas as histórias são muito exageradas, não sei se com o objetivo de chamar mais atenção, mas isso enfraqueceu o filme.


Enfim, são dois bons filmes. Acho que se dependesse apenas das sensações durante o filme, 2:37 seria melhor pois prende mais a atenção, muitas coisas acontecem. Mas levando em conta também a parte mais reflexiva Elefante é melhor pela sua naturalidade, realidade.

Vou terminar este post com dois vídeos muito interessantes que vi no youtube mostrando as semelhanças entre os dois filmes. O primeiro é muito bom, o segundo um pouco mais exagerado, mas colocarei os dois a seguir:





terça-feira, 14 de junho de 2011

Meu Vídeo: Beleza Americana + Eddie Vedder

Fiz um vídeo novo depois de muito tempo.

Vinha subindo a rua da minha casa num dia em que ventava muito e fui surpreendido por um saco plástico voando caoticamente pela rua. Exatamente como em “Beleza Americana”, no vídeo que Ricky Fitts diz ser a coisa mais bonita que já filmou e que particularmente gostei muito. Filmei o saco e depois coloquei as imagens ao som de Eddie Vedder – The Wolf, música maravilhosa que faz parte da trilha sonora de “Na Natureza Selvagem” (outro filmaço), composta inteiramente por Vedder, achei que a música combinou bastante. O vídeo não tem nenhum significado especial, é apenas espontaneidade registrada por mim.

Aproveito pra indicar não só os dois filmes que citei, mas principalmente o CD de Eddie Vedder, que é inteiramente muito bom (Baixe Aqui).

Esse e meus outros vídeos estão no Youtube, seguem os links, meu vídeo e a cena de “Beleza Americana”:


Monólogo Ao Pé Do Ouvido por Vitor Faria


Tirem Suas Próprias Conclusões


Beleza Americana + Eddie Vedder





quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Céu Se Pintando Sozinho


O céu se pintando sozinho

É lindo, hipnótico, incrível


Fico estático

Registro


Observo o trabalho do universo

Colorindo o infinito

Pra sempre


Pelo menos naquele momento


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Filmes de Maio - Parte 2

Para quem está lendo este post antes do outro, aviso de novo que dividi os filmes de maio em duas partes, essa agora é a segunda, a primeira está logo abaixo. Bom as indicações desse mês poderiam ser varias, mas selecionei alguns filmes que chamam mais a atenção: Adaptação, A Mulher Faz o Homem, Carne Trêmula, Curtindo a Vida Adoidado, O Escafandro e a Borboleta, Magnólia e 12 Homens e uma Sentença. Cidade dos Sonhos nem falo nada, leiam o texto especial que fiz para o filme. Então, seguem os últimos 13 filmes que vi em maio, qualquer opinião ou pergunta é sempre bem vinda. 

Ilha do Medo – Shutter Island (2010)

É um filme para se ver mais de uma vez, mas há um pequeno problema: não estou com vontade de ver de novo. Não que eu tenha achado o filme péssimo, ele tem suas qualidades, uma trama surpreendente e um ótimo trabalho técnico de Scorsese, mas não me empolgou. Passei o filme adivinhando o que ia acontecer, acertando, errando, tentando outra vez, e as surpresas que tive não achei muito boas. Terminei de ver o filme com duvidas ainda, mas sem grande curiosidade para entendê-las. Por fim achei um filme regular, um pouco decepcionante, mas talvez quando eu assistir mais uma vez eu ache ele melhor.

Barry Lyndon – Barry Lyndon (1975)

É um filme de extrema qualidade técnica e estética, sendo esse seu ponto forte, devido, claro, a grande qualidade de Kubrick. A história é interessante e consegue suportar bem os 180 minutos, o que também é uma qualidade, mas infelizmente não é empolgante. Sendo Kubrick um dos meus diretores favoritos, Barry Lyndon é com certeza o mais fraco que vi dele, apesar de o diretor continuar brilhante atrás das câmeras. 

O Escafandro e a Borboleta – Le Scaphandre et le Papillon (2007)

A opção de Julian Schnabel de filmar através da visão do protagonista foi totalmente genial, fazendo jus ao prêmio de melhor direção recebido em Cannes. Fiquei tão encantado com esse estilo que acabei ficando meio decepcionado quando, mais ou menos na metade do filme, Schnabel resolve filmar mais o rosto de Jean-Do, mesmo ainda intercalando com a primeira opção. É claro que em certas partes era necessário uma câmera mais aberta, abrangendo todo o cenário, como em cenas ao ar livre; e certamente em alguma hora deveria se mostrar o rosto de Jean, mas poderia ter sido apenas nas lembranças e através de espelhos como foi utilizado no inicio do filme. Fora isso, que é apenas uma opinião estética minha, o filme foi maravilhoso, com uma história muito bonita reforçada pelas imaginações, lembranças e falas da consciência do protagonista, e ainda pela bela interação dele com as pessoas. É impressionante saber que essa é uma história real e que o filme só foi possível pelo livro escrito, mesmo nas condições em que estava, por Jean-Dominique Bauby. 


Cidade dos Sonhos – Mulholland Dr. (2001)

Fiz um texto especial para esse filme, clique aqui para ler.

Elefante – Elephant (2003)

Farei um texto especial falando desse filme e de 2:37, devido a grande semelhança entre eles.

O Homem Elefante – The Elephant Man (1980)

Um filme emocionante, triste e bonito. Talvez o filme mais triste que já vi. Lynch, em inicio de carreira, conduz muito bem a história, nos aproxima do personagem e transmite muito bem a mensagem. Na crítica de Emilio Franco Jr., um dos editores do cineplayers, site de cinema que sou cadastrado, há uma frase que resume muito bem a mensagem do filme: “John Merrick foi um homem, que conviveu boa parte de sua vida cercado por animais.”.


Magnólia – Magnolia (1999)

Paul Thomas Anderson fez um trabalho maravilhoso nesse filme. Primeiro uma ótima introdução, criativa e eficiente, seguida por uma excelente apresentação dos personagens, acompanhada com uma boa trilha sonora (a exemplo do filme todo), e então ele sustenta mais de 3 horas de duração sem cansar, desenvolvendo os personagens a todo momento, aprofundando seus sentimentos e intercalando entre suas histórias de forma que todos estão presentes do inicio ao fim (além da conexão que as histórias tem). Anderson faz uma ótima direção com destaque para a dinâmica entre as histórias, a cena dos corredores quando Stanley chega ao concurso e toda a parte da chuva de sapos (maravilhosa a tomada interior da ambulância virando). Uma cena que particularmente não gostei foi a que todos cantam a musica Wise up, apesar de significar muito para a história. Mas no geral Magnólia é um belíssimo trabalho, com ótimos personagens, tratando dos seres humanos e seus problemas, refletindo sobre a vida e os arrependimentos. Segundo filme que vejo do diretor (já vi Boogie Nights) e o segundo muito bom.


12 Homens e uma Sentença – 12 Angry Men (1957)

Demorei muito para ver esse filme, mas correspondeu a todos os elogios que já havia ouvido. É com certeza um filmaço, uma obra que mostra a força dos diálogos e que envolve totalmente o espectador apesar de se passar em um cômodo apenas. Grande clássico, gostei muito, mais uma prova de que diálogos de qualidade fazem um grande filme.


Kick-ass - Quebrando Tudo – Kick-Ass (2010)

Um pouco decepcionante esse filme, achei que seria mais original e sobre pessoas normais como super-heróis (como o protagonista), mas Hit-Girl e Big Daddy não podem ser considerados muito normais. Os primeiros 35 minutos estavam ótimos, mas a partir da primeira chacina de Hit-Girl o filme começou a ficar muito clichê e um pouco exagerado (apesar desse segundo ser proposital). Um destaque é a trilha sonora, muito boa nas cenas de Hit-Girl e um bom exemplo também é no carro quando Kick-ass e Red Mist dançam ao som de Crazy. O Filme tem boas ideias e boas cenas, como a primeira tentativa de heroísmo de Kick-ass, frustrada, e a segunda, bem sucedida, e a apresentação de Mindy e Big Daddy (mas como eu disse essas cenas estão nos 35 minutos iniciais), porém perde força com seus clichês, justamente quando eu esperava algo diferente e original o filme insiste na máfia como vilã, numa relação instável entre pai e filho, num nerd com problemas com mulheres, etc. Hit Girl com certeza é um personagem ótimo mas teve horas que achei de mais. Enfim, um filme ao mesmo tempo diferente e clichê.

Lixo Extraordinário – Waste Land (2010)

Extraordinário. Ótimo documentário, interessante que ao mesmo tempo trata da miséria e da realidade dos catadores do Jardim Gramacho e também fala da arte, mostrando o maravilhoso trabalho de Vik Muniz. Muito bonito. Cheguei  a conclusão depois desse documentário que por mais que vejamos vários sobre lixão, aterros e tal, só da pra entender de verdade o que é essa realidade estando lá. Mas esse foi mas um grande trabalho.


Felicidade – Happiness (1998)

Bom, me indicaram esse filme dizendo que era parecido com Beleza Americana, outra pessoa me disse que lembrava Réquiem Para Um Sonho, então estava com uma grande expectativa. A história lembra com certeza esses dois filmes, mas como filme, ao meu ver, não chega aos pés deles (que estão entre os melhores filmes que já vi). Interessante ver Felicidade logo depois de ver Magnólia, os dois contam varias histórias ao mesmo tempo, mas na obra de Paul Thomas Anderson elas estão na tela a todo momento, ele intercala entre elas de uma forma que você está ligado em todas juntas; já na de Todd Solondz as cenas são muito longas, esquecemos de uma trama enquanto estamos acompanhando a outra; além disse Magnólia é muito mais movimentado e Felicidade é bem devagar. Enfim, no geral não gostei muito do filme, apesar de ter suas qualidades não me conquistou como os outros filmes citados acima. Ele trata de temas pesados mas de uma forma que não me agradou, diferente das obras de Darren Aronofsky e Sam Mendes que contam com uma qualidade técnica incrível, nesse falta um desenvolvimento melhor, fiquei até um pouco incomodado com algumas situações. Por último queria ressaltar que não achei graça nenhuma no filme que tem como gênero, além do obvio drama, comédia.


O Serviço de Entregas da Kiki – Majo no Takkyûbin (1989)


Enfim assisti outro filme de Hayao Miyazaki, ainda está faltando A Viagem de Chihiro, que é o mais famoso, mas O Serviço de Entregas da Kiki é outro bom filme do diretor. Não é tão bom quanto Meu Vizinho Totoro, mas continua com a ótima animação e uma história muito bonita. No geral ele é bom, tem partes que gostei bastante, mas o final não gostei muito, me pareceu um pouco clichê, mas continua com personagens muito simpáticos e cativantes.

O Oitavo Dia – Le huitième jour (1996)

Depois de ver Mr. Nobody, que foi uma obra magnífica de Jaco van Dormael, O Oitavo Dia não ficou devendo. Mais um filme muito bom do diretor, dessa vez com uma história tocante e muito bonita, que não perde força apesar de pequenos exageros e algumas coisas sem muitas explicações. O filme ainda conta com uma introdução maravilhosa e cenas lindas de pura naturalidade e emoção. Van Dormael fez de novo uma ótima direção e os dois protagonistas tem uma ótima atuação, construindo cenas muito boas.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Filmes de Maio - Parte 1

Resolvi dividir o post dos filmes de maio em duas partes porque vi 27 filmes esse mês, portanto um só post ficaria gigante. Esse mês fiz uma mudança na forma de escrever o post: antes ao final do mês escrevia sobre todos os filmes, esse mês fui escrevendo conforme vi os filmes, e foi um ótimo mês pra começar isso porque ia ser bem complicado escrever sobre 27 filmes agora. Mas então, desse jeito acho que os comentários ficam melhores, porque escrever tudo junto ficava um pouco repetitivo e assim eu falo das minhas percepções logo após ter visto o filme. Enfim, minhas indicações estarão no próximo post, seguem os primeiros 14 que vi no mês, comentem sobre os que já viram.

Adaptação – Adaptation (2002)

Filme muitíssimo interessante, criativo e ousado. O roteiro não só é o destaque como é o próprio filme, a ideia foi de fato muito boa e a atuação de Nicolas Cage também. O filme, apesar de toda a confusão psicológica de Charlie Kaufman, é movimentado e interessante o tempo todo, e ainda tem um ótimo final.




Cinzas do Paraíso – Days of Heaven (1978)

É extremamente bonito visualmente, tem também uma bela história com uma narração maravilhosa, o ponto alto do filme. Mas as coisas acontecem muito rápido, e é ai que o filme perde força, tudo acontece muito corrido e as vezes sem muito sentido. Se Malick desenvolvesse mais a história, talvez alongasse mais sua obra de apenas 94 minutos, o filme seria muito melhor.




Sem Limites – Limitless (2011)

Fui ao cinema assistir esse filme com um amigo, só por entretenimento. Como entretenimento é interessante, mas irrita, pois poderia ser melhor. O filme tem uma premissa boa, mas é muito previsível, insiste em clichês e desiste de trabalhar sua ideia para desenvolver cenas de ação convencionais.  A Direção de Burger oscila entre razoável, algumas boas tomadas e péssimos efeitos estilísticos, apesar de acertar em alguns. Por outro lado Cooper tem uma boa atuação, mas Robert De Niro continua desperdiçando seu talento fazendo filmes com personagens que não exigem nada do ator.

O Desprezo – Le Mépris (1963)

Direção magnífica de Godard, a cena na cama e toda a parte do apartamento são lindas. Mas uma vez a protagonista de um filme do diretor francês é apaixonante, e seu desprezo a torna ainda mais atraente. Godard constrói um filme para falar de filmes, mas para não fazer apenas um filme dentro de outro cria uma bela história e trabalha através dela. Obra complexa e muito bem executada.




Marley e Eu – Marley and Me (2008)

A história de Marley é certamente emocionante, e o filme conseguiu transmitir isso muito bem, mas seu maior mérito é ao mesmo tempo conseguir contar a história da família de forma igualmente interessante e boa, resultando em um bom filme.

2:37 – 2:37 (2006)

Farei um texto especial falando de 2:37 e de Elefante, devido a grande semelhança entre eles.

A Mulher Faz o Homem – Mr. Smith Goes to Washington (1939)

Era visível que no fim das contas o Senador Paine cederia e revelaria a verdade, mas o filme é uma obra magnífica, mostrando que há pessoas mais poderosas e corruptas que os políticos e que são os manipuladores de tudo. Smith (uma belíssima atuação de James Stewart) por outro lado representa a inocência e honestidade de um sonho, não uma utopia. Mais um ótimo filme de Frank Capra.




Adrenalina – Crank (2006)

Me impressionei com esse filme, não porque imaginava que era ruim e achei bom, e sim porque pensei que era um filme sério. O filme tem boas ideias, mas algumas coisas que irritam. Tem um humor negro afiadíssimo, boas piadas, como a do taxista da Al-Qaeda (as velhinhas batendo nele enquanto ele diz que ama o Bush é hilário), o passarinho morrendo com uma bala perdida, é repentino e engraçadíssimo, e a cena do sexo em público, que morri de rir quando Chev diz “I’m alive!”, realmente muito boa. O filme também conta com uma trilha sonora compatível, mas as tomadas do coração, a hora que o Dr. no celular aparece na parede (!?), entre algumas outras cenas (viagens), são desnecessárias e ruins. Por outro lado é muito interessante reparar a paciência de Chev com sua namorada, por trás dessa ação toda tem uma história de amor, merecendo até um discurso final. O filme no geral é criativo e diferente, alterna bons e maus momentos e a meu ver seu gênero deveria incluir comédia, que é seu ponto forte.

À Prova de Morte – Death Proof (2007)

Eu entendo que o Tarantino quis fazer uma homenagem e provar pra si mesmo que conseguia gravar boas cenas de perseguição, mas o filme não ficou bom. As melhores partes são justamente as dos carros, mais precisamente toda a ação final, desde Zoe no capô do carro até a última capotagem, o que afirma como Tarantino é um grande diretor. De resto muita encheção de linguiça, diálogos fracos (o que é totalmente o oposto dos filmes de Tarantino) e um roteiro inteiro, na maioria ruim e cansativo, feito com o único proposito de gravar boas cenas de perseguição. Triste que Tarantino não conseguiu desenvolver mais um ótimo filme, fica registrado o sucesso nas cenas de carro, mas a decepção do resto, que apesar de eu não ter gostado tem definitivamente a marca do diretor.

Jackie Brown – Jackie Brown (1997)

É, junto com A Prova de Morte, outro filme que está abaixo do nível de Tarantino, mas ao contrário do primeiro, esse é no mínimo um bom filme. Em Jackie Brown Tarantino mantém um estilo parecido com Pulp Fiction, uma trama que se passa no mundo do crime, e que mesmo um pouco convencional é boa, e ótimos personagens (muito bom ver Robert De Niro trabalhando com Tarantino, mesmo seu personagem não sendo muito desenvolvido). No geral o filme é bom, mas ainda falta a genialidade costumeira de Tarantino.

O Grande Lebowski – The Big Lebowski (1998)

Outro filme interessante dos irmãos Coen, mas parece que eles fazem muitos filmes parecidos: uma trama bem bolada, personagens bem elaborados e algumas boas piadas. Onde os Fracos Não Tem Vez continua sendo para mim o melhor dos diretores. O Grande Lebowski tem uma história legal, e duas ou três ótimas piadas, mas o grande destaque com certeza é o Dude, um personagem maravilhoso, diferenciado, e muito  bem interpretado.

Os Idiotas – Idioterne (1998)

Stoffer alerta durante o filme: “Qualquer pessoa de fora não percebe o significado”, e realmente não é um filme para todos, e essa seletividade deve-se inteiramente a Lars Von Trier. O diretor, seguindo seu Dogma 95, não agrada muito com o estilo de conduzir o filme ou com sua total falta de censura, poderia talvez ser um pouco mais educado ou fazer uma direção mas convencional, menos confusa, trabalhando com uma história mais definida; mas se o filme fosse assim não seria o que se propôs a ser, não transmitiria o que transmite, não incomodaria. Mesmo algumas coisas me irritando no estilo von Trier, compreendo a forma dele conduzir o filme, sua direção é a essência de tudo que ele quer transmitir. Apesar de algumas cenas desnecessárias e alguns exageros, gostei do filme, me fez refletir e ficará na minha cabeça.

Carne Trêmula – Carne Trémula (1997)

Mais uma obra muito boa de Almodóvar. Depois de ver Tudo Sobre Minha Mãe e Fale Com Ela acho que esse é o que mais gostei do diretor. Mais uma vez um ótimo trabalho de personagens, todos eles com emoções reais e tocantes e envolvidos em uma ótima história, cheia de amor, ciúmes, vitórias e vingança. Tudo isso ainda com um toque especial, no inicio e no fim, mostrando o contraste de épocas através da movimentação nas ruas.




Curtindo a Vida Adoidado – Ferris Bueller's Day Off (1986)

Grande filme, com um tema aparentemente simples, mas muito bem executado. Tudo começa com a ótima escolha de o protagonista interagir com a câmera, o que foi muito bem feito com ótimas falas, como “isso é infantil e estúpido, mas a escola também é” e “a vida passa muito rápido, se não pararmos para curti-la podemos perdê-la” que é a frase do filme. John Hughes, além de fazer uma boa direção (pra citar uma cena, toda parte no museu de arte achei muito bonita), como roteirista impõe um exagero proposital ao filme, como o diretor da escola atrás de Bueller a qualquer custo, ou a demonstração da aula como algo totalmente chato, ou então na primeira aparição de Cameron, que nessa cena o drama ainda é acentuado pela trilha sonora (destaque também do filme). O filme ainda conta com cenas muito boas e engraçadas como Cameron no carro decidindo se vai ou não, o diretor da escola correndo e “andando” no corredor (achei genial) ou a parte em que toca a musica tema de Star Wars. A cena do desfile ao som de Beatles é o exemplo dessa obra, exagerada, engraçada e muito boa. O ponto fraco depende da pessoa, é qualquer cena que você não ache engraçada ou forçada de mais, a meu ver algumas partes do diretor da escola são um pouco fracas. Mas no geral Curtindo a Vida Adoidado é um filmaço.